Crônicas de Lili
Releio todos os meus cadernos de receitas, que não são poucos e faço uma pesquisa meticulosa nos meus livros de receitas, dos mais antigos aos mais novos, em busca de algo inusitado para fazer. Depois que já decidi, separo as receitas que vou usar e já as deixo separadas e à mão, para não correr o risco de não encontrá-las nos momentos cruciais: o da lista dos ingredientes por comprar e o da hora de fazê-las de fato. Não bastassem estas pré tarefas, começo a dar uma geral na casa na busca de algo que já devia ter sido consertado, de alguma limpeza mais profunda na casa que já devia ter sido feita ou de até mesmo de algum apetrecho que não esteja funcionando e que seja relevante para meu evento. Sempre me deparo com o impasse das toalhas, não só na escolha entre elas como também no estado delas, já que tecidos guardados por muito tempo resultam em manchas amarelas.
Quando eu já estou lá pelo quarto dia que já analisei tudo e que estou chegando às vias de fato da produção , me pego fazendo check lists mentais a todo instante e já fico doida para chegar a data, porque neste momento, todo ano é a mesma coisa : começo a achar que algo pode dar errado, que a receita que eu escolhi não foi a melhor opção , que nem todo mundo vai curtir a novidade do peixe cru ou do arroz doce côr de rosa , enfim , começo a pirar e a pensar em menu 2, menu 3 etc
O dia do evento chega e eu, nesta altura, já relaxei um pouco porque agora “já não tem mais jeito” e vai sair do jeito que der e voilá ! Minha mãe vai ligar para saber como tudo está indo e eu vou dizer que não poderei conversar naquele momento, de jeito nenhum, mas que assim que terminar tudo,ligarei para ela. O evento começa, eu fico super feliz que fiz tudo que planejei e eu mesma começo a curtir e a achar que está ótimo! Os amigos, geralmente, gostam e curtem todos os detalhes e eu fico mais alegre ainda.
Agora me conta, se todo ano é a mesma coisa e eu me considero uma pessoa que pensa, por que não sai diferente ? Ah, sei lá.
Crônicas de Lili
Todos os dias somos bombardeados por inúmeras notícias a respeito do que acontece no mundo todo. Neste momento, em especial, o tema mais em evidência, fora a violência urbana, vide caso goleiro Bruno, é a eleição eleitoral. Este assunto sempre causa um desconforto e muitas polêmicas, uma vez que sempre temos que assistir a uma briga frenética entre os candidatos, com direito a muitos dossiês e baixarias.
Os candidatos apresentam suas propostas de governo para os problemas dos estados, e, de forma mais ampla, para o país. O tema recorrente é a urgência em fazer as reformas necessárias. Tem a saúde, a previdência, o saneamento, a carga tributária, a educação e mais umas mil urgências. Isso me fez pensar nas minhas urgências, nos meus projetos de vida e nas minhas prioridades.
Minha urgência em ler mais e evoluir intelectualmente está sendo resolvida. Martha Medeiros, a escritora, diz que “pensar é elegante assim como ler e ter conhecimento”. Embarquei neste pensamento e tenho me dedicado a boas leituras, algumas para pura diversão e outras com mais conteúdo.
A urgência em estar em boa forma e com saúde está em andamento a passos lentos porque, vamos combinar que estar com sobrepeso é chatíssimo e fazer dieta é um suplício. Não sou mulher de desistir e jogar a toalha, mas tem horas que a vontade de deixar para lá, desistir e cair de boca num bolo de amêndoas é enorme.
As urgências tecnológicas me perseguem e eu costumo achar que sempre estou devendo. “Uma hora é aprender a lidar com uma câmera fotográfica nova, outra hora é aprender a fazer etiquetas para os livros da filha, depois lá vem um programa para editar vídeos, fora fazer uma” play list “ para Ipod ,assim como , ler livros no leitor digital ,como o Kindle , e ainda tentar usar todos os cem aplicativos que existem nos telefones celulares modernos. Tanta modernidade tem hora que cansa e me mantém em estado de urgência permanente.
Não posso deixar de pensar sobre as urgências afetivas, que para mim, são as mais importantes e que fazem todo o significado em existir.
Tenho urgência de amor, de carinho, de estar perto de quem gosto e de estar sozinha também. Tenho urgência em visitar outros países que me encantam, de proporcionar coisas boas às pessoas de meu afeto, de estar conectada no meu tempo, de experimentar o novo e de sentir que estou aproveitando o máximo , dentro das minhas possibilidades.
Só ainda não sei como vou priorizar isso tudo aí. Ë como se eu fosse colocar Belo Horizonte dentro de Sabará, não tem jeito não. Tem alguma sugestão para mim?
Crônicas de Lili
Falo do tempo que é o momento que a gente tem para realizar as coisas. Sempre ando as voltas de como fazer para ganhar mais tempo e não perder tempo com assuntos desnecessários, mas sempre me vejo com dificuldades para escolher as prioridades e daí vem uma sensação que estou sempre no vermelho, devendo. As revistas se acumulam; a lista de livros a ler aumenta; as músicas para escutar, selecionar e fazer uma playlist se prolifera; isso sem falar nas receitas por experimentar, nos audiobooks para escutar, na ginástica para manter a boa forma, nas aulas de informática para ficar atualizada, nos programas prometidos para fazer com a família, nos filmes do momento para assistir e um mil de etc.
Eu gosto de criar estratégias e fazer planejamentos e acho que para a gente conseguir fazer este tempo duplicar de tamanho, só mesmo pensando e criando formas de fazer algumas coisas ao mesmo tempo. Andei pensando nestas estratégias e já estou implementando: escutar audiobooks no Iphone enquanto faz supermercado ou faz caminhadas, deixar o livro do momento já dentro da bolsa para qualquer eventual intervalo ou momento de espera; deixar dentro do carro algumas revistas que ainda não foram lidas; se filiar a uma locadora de vídeos que funciona no sitema de coleta; reservar um tempo delimitado para cuidar dos deveres de casa da filha e combinar isso com ela ; ter sangue frio para não atender os telefonemas que tocam enquanto se estuda e retornar posteriormente , atualizar o papo com a amiga enquanto gasta calorias ao mesmo tempo , numa esteira ou num calçadão; escutar as músicas enquanto realiza tarefas domésticas sem grande necessidade de concentração.
Ou seja, fazer tudo ao mesmo tempo para ver se sobra mais tempo para ter tempo .
Crônicas de Lili
Estava em Belo Horizonte no último feriado , quando, folheando revistas novas na casa da minha mãe, uma matéria me chamou a atenção. Era sobre desapego. A reportagem motivava as pessoas a fazerem um exercício prático de desapego. A proposta era que elas tirassem um momento do seu dia para escolherem cinquenta objetos de dentro de casa que pudessem ser dispensados. O motivo do descarte não era o mais importante e sim a decisão de poder ficar sem o objeto. A matéria estava se baseando num livro recém lançado sobre este tema e a revista convidou duas mulheres para passarem por esta experiência e darem seus depoimentos. Todas duas fizeram e acharam facílimo encher uma caixa com os cinqüenta itens. Eu fiz e, para minha surpresa, também achei.
Pensar no desapego me levou a pensar nos excessos. Vivemos nesta filosofia consumista, com “ wish lists “ e “ must have it “ por todos os lados; sites de consumo o tempo todo nos influenciando para comprar tudo, de e-reader a batedeira Planetária e agora , a mais nova febre da internet, os sites de compras coletivas, como por exemplo o peixe urbano.com.br ou imperdivel.com.br. Tudo isso para fazer a gente cair em tentação e juntamente com a retórica do “eu mereço isso”, realizar todos os nossos sonhos de consumo. Tudo é tão rápido pela internet, mas as lojas também não ficam para trás. Agora tudo é “a experiência da compra “e dão-lhe cortesias, trufinhas, espumantes, lançamentos temáticos e playlists e cheirinhos customizados para você fazer aquela conexão instantânea e emocional com a loja.
O planejamento financeiro, tão necessário e aparentemente óbvio, não faz muito sucesso na cabeça e no coração daquele que quer consumir, ele é para poucos. Intenções existem, mas o que a gente vai fazer com aquele impulso, com aquela vontade louca de ter aquilo? Com aquela convicção de que aquela compra nos fará feliz? Com a certeza absoluta que aquela chance não vai retornar?
Analisando os itens desapegados, fiquei pensando que as duas echarpes, as duas canecas infantis, as três meias, os quatro itens de perfumaria de hotel, os dois filmes VHS, as dez revistas antigas de culinária, os dois vestidos apertados e os outros vinte e cinco itens, não só poderiam não terem sido comprados como já poderiam estar sendo usados por outras pessoas, tomado outros rumos. Ou seja, mesmo eu tendo este cuidado habitual de não ficar com coisas “sem utilidade ”em casa, e consumindo normalmente sem loucuras, ali estava meu excesso.
Pensando bem, eu acho que, no fundo e no raso, o ser humano tem mesmo é problema de valor e fica comprando tudo e muito para ver se resolve isso. E, eu, humana que sou, faço o mesmo.
Haja desapego.
CRÔNICAS DE LILI
EDUCAÇÃO E GENTILEZA, AONDE?
NESTA SEMANA EM QUE ESTAMOS, FIQUEI ESPECIALMENTE ATENTA AO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS AO MEU REDOR E UMA CONSTATAÇÃO TOMOU CONTA DE MIM DE FORMA RECORRENTE: AS PESSOAS, DE MANEIRA GERAL, ESTÃO MUITO MAL EDUCADAS.
O USO DO ELEVADOR É UM EXEMPLO CORRIQUEIRO. NÃO CONSIGO ENTENDER COMO UMA PESSOA, ATÉ POR QUESTÕES DE ESPAÇO E NEM PENSANDO EM SER EDUCADA, NÃO ESPERA QUEM ESTÁ DENTRO SAIR PARA DEPOIS ENTRAR. OLHA QUE NEM ESTOU FALANDO DA GENTILEZA DE UM SEGURAR A PORTA PARA O OUTRO ENTRAR, PORQUE ACHO QUE ISSO JÁ É COISA DO PASSADO, JÁ VIROU JORNAL DE ONTEM, COMO DIZ UMA GRANDE AMIGA.
A FILA NA PORTA DA ESCOLA DO SEU FILHO NÃO FICA A DESEJAR. VOCÊ ESTÁ ALI, COMO QUE NUMA FILA INDIANA , SEGUINDO PACIENTEMENTE O FLUXO, QUANDO DE REPENTE LÁ VEM UM SUPER MEGA HIPER PODEROSO CARRO, LHE ULTRAPASSANDO PELA ESQUERDA E DEIXANDO AQUELE RASTRO DE POEIRA NO SEU CARRO RECÉM LAVADO.
NO SUPERMERCADO, VOCÊ ESTÁ ALI NO MOMENTO FINAL, JÁ EMBALANDO SUAS COMPRAS JUNTO AO CAIXA, QUANDO DE REPENTE SURGE UM CARRINHO DE COMPRAS ALHEIO TE INCOMODANDO E TE APERTANDO, NA ESPERANÇA DE QUE FAZENDO ASSIM, A FILA VAI ANDAR MAIS RÁPIDA.
NO TRÂNSITO, É INCRÍVEL A FALTA DE CORTESIA DAQUELA PESSOA QUE ESTACIONA O SEU CARRO TÃO PERTO, MAS TÃO COLADO NO SEU, QUE SE VOCÊ CONSEGUIR TIRÁ-LO DALI SERÁ UM MILAGRE. TEM TAMBÉM AQUELA SITUAÇÃO EM QUE VOCÊ PRECISA DE UM TEMPO NORMAL DE CINCO MINUTOS PARA TIRAR SEU CARRO DA VAGA E O OUTRO NÃO SUPORTA AGUARDAR CINCO SEGUNDOS SEM BUZINAR NO SEU OUVIDO.
RECEBER UM BOUQUET DE FLÔRES DO CAMPO COM UM LINDO CARTÃO DE BOAS VINDAS DE UMA FUTURA VIZINHA SERIA, A MEU VER, UMA GENTILEZA INESPERADA E MARAVILHOSA, ASSIM COMO PLENA DE FLUIDOS POSITIVOS PARA UM FUTURO RELACIONAMENTO. É INACREDITÁVEL E TAMBÉM UMA FALTA DE CORTESIA INCRÍVEL ESTA PESSOA RECEBER ESTAS FLÔRES E NÃO SE MANIFESTAR.
NO MUNDO VIRTUAL, A FALTA DE EDUCAÇÃO ACONTECE AOS MONTES. UMA PESSOA DECIDE TE MANDAR MIL EMAILS SEMANALMENTE, COM REZAS, PIADAS, CORRENTES E NÃO TEM SEMSIBILIDADE SUFICIENTE PARA REFLETIR E PERCEBER QUE VOCÊ, PARA QUEM ELA MANDOU TAIS MENSAGENS, NUNCA RESPONDEU ESTES EMAILS ASSIM COMO NÃO FAZ USO DESTAS FERRAMENTAS. FALTA DESCONFIÔMETRO? ACHO QUE FALTA MESMO É EDUCAÇÃO AO ENTUPIR A CAIXA DE CORREIO ALHEIA.
QUANDO SE FALA EM REDES SOCIAIS, UMA NOTÍCIA DE IMPACTO FOI A DE QUE O SITE DE RELACIONAMENTOS FACEBOOK ANUNCIOU UM NOVO SERVIÇO DE LOCALIZAÇÃO, CHAMADO PLACES.COM ELE, OS USUÁRIOS DA REDE PODERÃO RASTREAR ONDE ESTÃO SEUS AMIGOS E SABER ONDE OCORREM EVENTOS E SERVIÇOS NOS ESTADOS UNIDOS. OUTRO SITE, CHAMADO FOURSQUARE,
TAMBÉM OFERECE A POSSIBILIDADE DE QUE TODAS AS PESSOAS QUE VOCÊ CONHECE SAIBAM , EM TEMPO REAL, EXATAMENTE ONDE VOCÊ ESTÁ. ALÉM DA PRIVACIDADE QUE A PESSOA PERDE, A CHANCE DE ROLAR UMA FALTA DE EDUCAÇÃO É ENORME, JÁ QUE ELA PODE DIZER QUE ESTÁ NUM LUGAR ENQUANTO SE ESTAVA EM OUTRO. AÍ ME VEM UMA QUESTÃO : PARA QUE ALGUÉM SABER ONDE VOCÊ ESTÁ ?
NO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, GENTILEZA SIGNIFICA CORTESIA E AMABILIDAE E EDUCAÇÃO SIGNIFICA O DESENVOLVIMENTO DAS FACULDADES DO SER HUMANO , TAIS COMO INTELIGÊNCIA E CARÁTER.
SINCERAMENTE, NUMA VISÃO BEM PESSIMISTA, ACHO QUE, COMO DIZEM OS BANDIDOS CARIOCAS , EM SE TRATANDO DE GENTILEZAS E EDUCAÇÃO , O MUNDO AO MEU REDOR PERDEU, PERDEU, PERDEU.
HELENA TINHA UNS TRINTA E CINCO ANOS E ERA UMA MORENA BONITA, BEM TRATADA, AQUELE TIPO DE MULHER QUE SE CUIDA E QUE, DE LONGE, ALGUÉM PODERIA IMAGINAR QUE ELA TENHA TIVESSE FILHOS PEQUENOS. HOJE, EM ESPECIAL, ESTAVA MUITO ANSIOSA, QUASE OFEGANTE, PORQUE IA VER O APARTAMENTO DOS SEUS SONHOS.
O IMÓVEL NÃO ERA NENHUMA MARAVILHA, NEM TINHA UMA VISTA ESPETACULAR E MUITO MENOS ERA BEM ACABADO, MAS ELE TINHA UMA CARACTERÍSTICA ÚNICA: ELE ERA LOCALIZADO NO PRÉDIO ONDE VIVIA O AMOR DA SUA VIDA, SUA PAIXÃO AVASSALADORA CUJO NOME ERA FLÁVIO.
ELE, FLÁVIO, FAZIA O ESTILO HOMEN DE MEIA IDADE DE BONS MODOS E FINA ESTAMPA. DIVORCIADO VÁRIAS VÊZES E COM UM CURRICULUM AMOROSO EXTENSO E CONHECIDO, MORAVA NESTE PRÉDIO HÁ UNS DOIS ANOS E LEVAVA UMA VIDA CHEIA DE BONANÇA E ESTILO.
ELA PEDIU PARA SER ANUNCIADA PELO PORTEIRO E, UMA VEZ NO ANDAR DO IMÓVEL, AO SAIR DO ELEVADOR E SE DEPARAR COM O APARTAMENTO, MAL SE CONTEVE E ALI MESMO RELATOU SUA HISTÓRIA DE AMOR À FUNCIONÁRIA QUE A RECEBEU.
SEGUNDA ELA, ELES MANTINHAM UM RELACIONAMENTO HÁ CINCO ANOS E, POR SEREM OS DOIS, DIVORCIADOS E COM FILHOS DOS CASAMENTOS ANTERIORES, FIZERAM A OPÇÃO DE MORAREM EM CASAS SEPARADAS E SEREM NAMORIDOS; UMA OPÇÃO CONTEMPORÃNEA DE SE RELACIONAR.
ELE ALEGOU FALTA DE TALENTO PARA CUIDAR DE CRIANÇAS PEQUENAS. ELA, MAIS DO QUE DEPRESSA, CONCORDOU COM ELE, PORQUE TUDO QUE ELA NÃO QUERIA ERA PERDER AS BOAS HORAS JUNTOS, A CUMPLICIDADE DAS AFINIDADES, OS MOMENTOS DE PRAZER, DE UMA VIDA A DOIS SEM CRIANÇAS POR PERTO.
O APARTAMENTO SERIA UMA SOLUÇÃO MARAVILHOSA, JÁ QUE ASSIM, ELES PODERIAM ESTAR JUNTOS E TAMBÉM SEPARADOS E ELA, COM CERTEZA, MAIS TRANQUILA E MENOS CANSADA DE TER QUE FICAR TRANSITANDO DE LÁ PARA CÁ NESTE TRANSITO CAÓTICO CARIOCA. AGORA, SE CONSEGUISSE FICAR COM ESTE IMÓVEL, ELA JÁ SE IMAGINAVA FAZENDO OS PERCURSOS ATRAVÉS DA GARAGEM, DE UM BLOCO A O OUTRO, QUEM SABE ATÉ DE ROBE. ESSE ERA SEU SONHO E AGORA, FINALMENTE, CHEGOU A SUA VÊZ.
PERCORREU O APARTAMENTO TODO, SE ENCANTOU, FEZ CABER ALI TODAS AS SUAS PRIORIDADES E TRATOU LOGO DE AGENDAR UMA CONVERSA SÉRIA ENTRE SEU AMOR E O PROPRIETÁRIO. A NEGOCIAÇÃO DUROU CERCA DE QUATRO SEMANAS E ELA JÁ ESTAVA EM PÂNICO COM ESTA LENTIDÃO EM FECHAR O NEGÓCIO. FOI QUANDO UM TELEFONEMA FINAL ACONTECEU E TUDO FOI CONCLUÍDO.
DEPOIS DISSO, PARTIRAM PARA UMA VIAGEM DE UM MÊS PELA ÁSIA E ELA PROVIDENCIOU ALGUÉM PARA CUIDAR DOS SEUS TRÊS FILHOS: UMA AMIGA QUE MORAVA NO NORDESTE E QUE, SENDO DE SUA TOTAL CONFIANÇA E PRECISANDO TRABALHAR, SERIA A MELHOR SOLUÇÃO; AFINAL DE CONTAS, A PAIXÃO NÃO PODIA ESPERAR.
Querido Papai Noel, Dezembro chegou e ao ver a carta que a minha filha de oito anos colocou para o senhor, na sala, fiquei com vontade de escrever a minha, de também sonhar com algumas coisas; afinal quem disse que depois dos quarenta anos não podemos continuar a ter nossos desejos e sonhos?
Pois bem, vou ser muita sincera com o senhor. Eu sou uma pessoa afortunada, porque além de saúde, paz de espírito, curiosidade, amigos, projetos, planos e uma família bacana, eu ainda tenho condições financeiras de ter muitos bens materiais, necessários e supérfluos. Ou seja, sou muito feliz.
Mesmo assim, venho hoje pedir sua ajuda para atender meu desejo: quero muito uma esposa!
Não me entenda mal, vou explicar: sou muito bem casada, amo meu marido e não tenho dúvidas quanto à minha orientação sexual. É que eu queria alguém para cuidar das minhas coisas, sabe? Alguém para fazer as tarefas por mim, alguém para tomar decisões, por algum tempo que fosse, e isso, as esposas fazem como ninguém. Pedir uma governanta não seria a mesma coisa, o senhor sabe bem disso, não é uma questão de contratação de mão de obra qualificada.
Os cuidados que as esposas têm com os maridos, com os filhos, com os seus funcionários ou ajudantes, são de ótima qualidade. Eu, como esposa e mãe, gosto de cuidar e não fujo das responsabilidades que meus papéis demandam, mas tem hora que dá um cansaço só.
Seria tão bom ter alguém para encontrar documentos perdidos, resolver consertos dos eletrônicos da casa, fazer pagamentos chatos, ir às festas sem graça e charme, corrigir deveres de casa, realizar traslados na hora do rush, fazer compras de natal de obrigação, enfrentar supermercados no mês de Dezembro, pensar nos deveres das mesmices das festas de final de ano, resolver as férias dos filhos,decidir assuntos complicados de obra; ou seja, seria mesmo maravilhoso ter uma esposa para encarar isso tudo e, só você, Papai Noel, pode me ajudar, a não ser que algum anjo desça do céu e faça este milagre.
Detesto Dezembro.
Conversas de Lili
Sei lá, várias conversas.
O Caso da Pulseira
Sentei para escrever e as conversas são tão diversas, que na vontade de já querer formatar um título, optei por este, mais amplo impossível. Quem sabe no final do texto eu não chegue a um tema único que eu gostaria de conversar hoje, veremos.
Tudo começou em Dezembro , quando estando em São Paulo e não fugindo aos programas de shopping, decidi comprar uma pulseira linda, estilo escrava, numa loja de luxo. Fui usar a preciosidade pela primeira vez e para minha decepção, uma pedra se soltou. Eu logo fiquei pensando como uma pulseira daquele preço poderia ser tão frágil a ponto de já, de largada, estragar. Não me preocupei e fui à filial carioca da loja solicitar a troca, pois estava louca para usar minha nova aquisição. A vendedora foi muito gentil em me atender, mas me disse que não havia uma pulseira disponível para fazer a troca. Eu achei estranho porque havia visto a mesma pulseira na vitrine antes de entrar na loja. Ela então me informou que não poderia alterar a vitrine de maneira alguma, e que esta orientação vinha de São Paulo.
Eu enfrentei a objeção dela, dizendo que ela poderia ligar para a sua supervisora e explicar a situação e o contexto da mesma, uma vez que eu nem tinha chegado a usar a pulseira, ou seja, este problema não era meu e sim da loja, ainda mais se tratando de uma loja de luxo, recém chegada na cidade, que supostamente gostaria de agradar e conquistar clientes. A vendedora, sempre muito gentil, se desculpou e ficou de aguardar a análise da empresa para o acontecido com a peça, para então depois me telefonar para enfim neste momento acontecer o desfecho da situação.
Confesso que eu saí da loja alterada e confusa. Será que eu estava num dia de mau humor ou de TPM ou irritada? Como que eu compro um artigo, ele vem com defeito, eu procuro o lugar para trocar, o produto existe na loja para ser trocado, o mesmo produto, diga-se de passagem, e por uma questão de “processos da empresa”, eu saio de mão abanando? Para quem pretende estar no mercado de luxo, onde reza a cartilha do atendimento personalizado, bacana, ou até vip, achei mesmo foi tudo muito chinfrim e esnobe.
Quinze dias se passaram assim como as mil festas de final de ano, onde sempre é gostoso desfrutar um momento perua, quando recebo um recado em casa que era para eu ir à loja buscar a minha pulseira. O recado tinha data, nome da loja e inclusive nome da vendedora que tinha ligado. Eu não pretendia passar por lá nesta semana, mas o fato do telefonema me fez mudar de idéia e me organizei para ir. Tal não foi minha surpresa ao chegar à loja e procurar pela minha troca, quando, sempre gentilmente, a vendedora me disse que a pulseira não estava lá! Eu disse a ela, que certamente havia um engano porque eu havia recebi um recado, com riqueza de detalhes, para vir buscar a peça. Depois de uma nova desculpa, sempre gentil, voltei para a casa sem a pulseira. Eu fiquei literalmente sem reação porque o que eu podia fazer? Dar um grito, um show, fazer um barraco?Iria resolver? Com certeza, como dizem as paulistas, que não! Mas eu queria tanto a minha pulseira!
Na outra semana, depois de fazer aquele jogo mental de “me deixa esquecer isso”, voltei à loja e a vendedora, gentilmente, se vangloriou que ela iria me apresentar duas pulseiras para que eu fizesse a minha escolha. Mas como assim, eu pensei? Eu não queria escolher nada, eu já havia escolhido quando eu comprei lá em Dezembro lá em São Paulo.
O final da estória, você minha leitora, deve imaginar. Tive que escolher entre as duas pulseiras, porque tudo que eu não ia fazer agora era começar uma nova novela para trocar por outro item da loja.
Eu fiquei com vontade de, gentilmente, mandar esta loja fazer um treinamento em vendas e atendimento com a metodologia do Grupo Friedman. Alô Cris Barros !
Todo ano é a mesma coisa
Todo ano é a mesma coisa. Quando eu decido fazer um almoço para os amigos, um turbilhão de idéias me vêem à mente e minha vida entra em outro ritmo. Meus pensamentos se voltam para a escolha do enu, da louça que vou usar, dos copos que ficarão bacanas , dos guardanapos que vão dar um charme , das flôres que vou escolher e da bebida que vou servir e, lógico , como farei para ela ficar geladíssma, já que tenho horror à bebida quente.Quando eu já estou lá pelo quarto dia que já analisei tudo e que estou chegando às vias de fato da produção , me pego fazendo check lists mentais a todo instante e já fico doida para chegar a data, porque neste momento, todo ano é a mesma coisa : começo a achar que algo pode dar errado, que a receita que eu escolhi não foi a melhor opção , que nem todo mundo vai curtir a novidade do peixe cru ou do arroz doce côr de rosa , enfim , começo a pirar e a pensar em menu 2, menu 3 etc
O dia do evento chega e eu, nesta altura, já relaxei um pouco porque agora “já não tem mais jeito” e vai sair do jeito que der e voilá ! Minha mãe vai ligar para saber como tudo está indo e eu vou dizer que não poderei conversar naquele momento, de jeito nenhum, mas que assim que terminar tudo,ligarei para ela. O evento começa, eu fico super feliz que fiz tudo que planejei e eu mesma começo a curtir e a achar que está ótimo! Os amigos, geralmente, gostam e curtem todos os detalhes e eu fico mais alegre ainda.
Agora me conta, se todo ano é a mesma coisa e eu me considero uma pessoa que pensa, por que não sai diferente ? Ah, sei lá.
Crônicas de Lili
AS MINHAS, AS SUAS E AS NOSSAS URGÊNCIAS
Os candidatos apresentam suas propostas de governo para os problemas dos estados, e, de forma mais ampla, para o país. O tema recorrente é a urgência em fazer as reformas necessárias. Tem a saúde, a previdência, o saneamento, a carga tributária, a educação e mais umas mil urgências. Isso me fez pensar nas minhas urgências, nos meus projetos de vida e nas minhas prioridades.
Minha urgência em ler mais e evoluir intelectualmente está sendo resolvida. Martha Medeiros, a escritora, diz que “pensar é elegante assim como ler e ter conhecimento”. Embarquei neste pensamento e tenho me dedicado a boas leituras, algumas para pura diversão e outras com mais conteúdo.
A urgência em estar em boa forma e com saúde está em andamento a passos lentos porque, vamos combinar que estar com sobrepeso é chatíssimo e fazer dieta é um suplício. Não sou mulher de desistir e jogar a toalha, mas tem horas que a vontade de deixar para lá, desistir e cair de boca num bolo de amêndoas é enorme.
As urgências tecnológicas me perseguem e eu costumo achar que sempre estou devendo. “Uma hora é aprender a lidar com uma câmera fotográfica nova, outra hora é aprender a fazer etiquetas para os livros da filha, depois lá vem um programa para editar vídeos, fora fazer uma” play list “ para Ipod ,assim como , ler livros no leitor digital ,como o Kindle , e ainda tentar usar todos os cem aplicativos que existem nos telefones celulares modernos. Tanta modernidade tem hora que cansa e me mantém em estado de urgência permanente.
Não posso deixar de pensar sobre as urgências afetivas, que para mim, são as mais importantes e que fazem todo o significado em existir.
Tenho urgência de amor, de carinho, de estar perto de quem gosto e de estar sozinha também. Tenho urgência em visitar outros países que me encantam, de proporcionar coisas boas às pessoas de meu afeto, de estar conectada no meu tempo, de experimentar o novo e de sentir que estou aproveitando o máximo , dentro das minhas possibilidades.
Só ainda não sei como vou priorizar isso tudo aí. Ë como se eu fosse colocar Belo Horizonte dentro de Sabará, não tem jeito não. Tem alguma sugestão para mim?
Crônicas de Lili
Tudo Ao Mesmo Tempo
Muito se tem falado sobre o tempo. Não o tempo nublado ou ensolarado ou chuvoso. Esta análise fica por conta dos muitos sites de previsão do tempo, tipo www.climatempo.com.br , www.tempoagora.uol.com.br ou WWW. wheather.com . Falo do tempo que é o momento que a gente tem para realizar as coisas. Sempre ando as voltas de como fazer para ganhar mais tempo e não perder tempo com assuntos desnecessários, mas sempre me vejo com dificuldades para escolher as prioridades e daí vem uma sensação que estou sempre no vermelho, devendo. As revistas se acumulam; a lista de livros a ler aumenta; as músicas para escutar, selecionar e fazer uma playlist se prolifera; isso sem falar nas receitas por experimentar, nos audiobooks para escutar, na ginástica para manter a boa forma, nas aulas de informática para ficar atualizada, nos programas prometidos para fazer com a família, nos filmes do momento para assistir e um mil de etc.
Eu gosto de criar estratégias e fazer planejamentos e acho que para a gente conseguir fazer este tempo duplicar de tamanho, só mesmo pensando e criando formas de fazer algumas coisas ao mesmo tempo. Andei pensando nestas estratégias e já estou implementando: escutar audiobooks no Iphone enquanto faz supermercado ou faz caminhadas, deixar o livro do momento já dentro da bolsa para qualquer eventual intervalo ou momento de espera; deixar dentro do carro algumas revistas que ainda não foram lidas; se filiar a uma locadora de vídeos que funciona no sitema de coleta; reservar um tempo delimitado para cuidar dos deveres de casa da filha e combinar isso com ela ; ter sangue frio para não atender os telefonemas que tocam enquanto se estuda e retornar posteriormente , atualizar o papo com a amiga enquanto gasta calorias ao mesmo tempo , numa esteira ou num calçadão; escutar as músicas enquanto realiza tarefas domésticas sem grande necessidade de concentração.
Ou seja, fazer tudo ao mesmo tempo para ver se sobra mais tempo para ter tempo .
Crônicas de Lili
Excessos e Desapegos
Estava em Belo Horizonte no último feriado , quando, folheando revistas novas na casa da minha mãe, uma matéria me chamou a atenção. Era sobre desapego. A reportagem motivava as pessoas a fazerem um exercício prático de desapego. A proposta era que elas tirassem um momento do seu dia para escolherem cinquenta objetos de dentro de casa que pudessem ser dispensados. O motivo do descarte não era o mais importante e sim a decisão de poder ficar sem o objeto. A matéria estava se baseando num livro recém lançado sobre este tema e a revista convidou duas mulheres para passarem por esta experiência e darem seus depoimentos. Todas duas fizeram e acharam facílimo encher uma caixa com os cinqüenta itens. Eu fiz e, para minha surpresa, também achei.
Pensar no desapego me levou a pensar nos excessos. Vivemos nesta filosofia consumista, com “ wish lists “ e “ must have it “ por todos os lados; sites de consumo o tempo todo nos influenciando para comprar tudo, de e-reader a batedeira Planetária e agora , a mais nova febre da internet, os sites de compras coletivas, como por exemplo o peixe urbano.com.br ou imperdivel.com.br. Tudo isso para fazer a gente cair em tentação e juntamente com a retórica do “eu mereço isso”, realizar todos os nossos sonhos de consumo. Tudo é tão rápido pela internet, mas as lojas também não ficam para trás. Agora tudo é “a experiência da compra “e dão-lhe cortesias, trufinhas, espumantes, lançamentos temáticos e playlists e cheirinhos customizados para você fazer aquela conexão instantânea e emocional com a loja.
O planejamento financeiro, tão necessário e aparentemente óbvio, não faz muito sucesso na cabeça e no coração daquele que quer consumir, ele é para poucos. Intenções existem, mas o que a gente vai fazer com aquele impulso, com aquela vontade louca de ter aquilo? Com aquela convicção de que aquela compra nos fará feliz? Com a certeza absoluta que aquela chance não vai retornar?
Analisando os itens desapegados, fiquei pensando que as duas echarpes, as duas canecas infantis, as três meias, os quatro itens de perfumaria de hotel, os dois filmes VHS, as dez revistas antigas de culinária, os dois vestidos apertados e os outros vinte e cinco itens, não só poderiam não terem sido comprados como já poderiam estar sendo usados por outras pessoas, tomado outros rumos. Ou seja, mesmo eu tendo este cuidado habitual de não ficar com coisas “sem utilidade ”em casa, e consumindo normalmente sem loucuras, ali estava meu excesso.
Pensando bem, eu acho que, no fundo e no raso, o ser humano tem mesmo é problema de valor e fica comprando tudo e muito para ver se resolve isso. E, eu, humana que sou, faço o mesmo.
Haja desapego.
CRÔNICAS DE LILI
EDUCAÇÃO E GENTILEZA, AONDE?
NESTA SEMANA EM QUE ESTAMOS, FIQUEI ESPECIALMENTE ATENTA AO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS AO MEU REDOR E UMA CONSTATAÇÃO TOMOU CONTA DE MIM DE FORMA RECORRENTE: AS PESSOAS, DE MANEIRA GERAL, ESTÃO MUITO MAL EDUCADAS.
O USO DO ELEVADOR É UM EXEMPLO CORRIQUEIRO. NÃO CONSIGO ENTENDER COMO UMA PESSOA, ATÉ POR QUESTÕES DE ESPAÇO E NEM PENSANDO EM SER EDUCADA, NÃO ESPERA QUEM ESTÁ DENTRO SAIR PARA DEPOIS ENTRAR. OLHA QUE NEM ESTOU FALANDO DA GENTILEZA DE UM SEGURAR A PORTA PARA O OUTRO ENTRAR, PORQUE ACHO QUE ISSO JÁ É COISA DO PASSADO, JÁ VIROU JORNAL DE ONTEM, COMO DIZ UMA GRANDE AMIGA.
A FILA NA PORTA DA ESCOLA DO SEU FILHO NÃO FICA A DESEJAR. VOCÊ ESTÁ ALI, COMO QUE NUMA FILA INDIANA , SEGUINDO PACIENTEMENTE O FLUXO, QUANDO DE REPENTE LÁ VEM UM SUPER MEGA HIPER PODEROSO CARRO, LHE ULTRAPASSANDO PELA ESQUERDA E DEIXANDO AQUELE RASTRO DE POEIRA NO SEU CARRO RECÉM LAVADO.
NO SUPERMERCADO, VOCÊ ESTÁ ALI NO MOMENTO FINAL, JÁ EMBALANDO SUAS COMPRAS JUNTO AO CAIXA, QUANDO DE REPENTE SURGE UM CARRINHO DE COMPRAS ALHEIO TE INCOMODANDO E TE APERTANDO, NA ESPERANÇA DE QUE FAZENDO ASSIM, A FILA VAI ANDAR MAIS RÁPIDA.
NO TRÂNSITO, É INCRÍVEL A FALTA DE CORTESIA DAQUELA PESSOA QUE ESTACIONA O SEU CARRO TÃO PERTO, MAS TÃO COLADO NO SEU, QUE SE VOCÊ CONSEGUIR TIRÁ-LO DALI SERÁ UM MILAGRE. TEM TAMBÉM AQUELA SITUAÇÃO EM QUE VOCÊ PRECISA DE UM TEMPO NORMAL DE CINCO MINUTOS PARA TIRAR SEU CARRO DA VAGA E O OUTRO NÃO SUPORTA AGUARDAR CINCO SEGUNDOS SEM BUZINAR NO SEU OUVIDO.
RECEBER UM BOUQUET DE FLÔRES DO CAMPO COM UM LINDO CARTÃO DE BOAS VINDAS DE UMA FUTURA VIZINHA SERIA, A MEU VER, UMA GENTILEZA INESPERADA E MARAVILHOSA, ASSIM COMO PLENA DE FLUIDOS POSITIVOS PARA UM FUTURO RELACIONAMENTO. É INACREDITÁVEL E TAMBÉM UMA FALTA DE CORTESIA INCRÍVEL ESTA PESSOA RECEBER ESTAS FLÔRES E NÃO SE MANIFESTAR.
NO MUNDO VIRTUAL, A FALTA DE EDUCAÇÃO ACONTECE AOS MONTES. UMA PESSOA DECIDE TE MANDAR MIL EMAILS SEMANALMENTE, COM REZAS, PIADAS, CORRENTES E NÃO TEM SEMSIBILIDADE SUFICIENTE PARA REFLETIR E PERCEBER QUE VOCÊ, PARA QUEM ELA MANDOU TAIS MENSAGENS, NUNCA RESPONDEU ESTES EMAILS ASSIM COMO NÃO FAZ USO DESTAS FERRAMENTAS. FALTA DESCONFIÔMETRO? ACHO QUE FALTA MESMO É EDUCAÇÃO AO ENTUPIR A CAIXA DE CORREIO ALHEIA.
QUANDO SE FALA EM REDES SOCIAIS, UMA NOTÍCIA DE IMPACTO FOI A DE QUE O SITE DE RELACIONAMENTOS FACEBOOK ANUNCIOU UM NOVO SERVIÇO DE LOCALIZAÇÃO, CHAMADO PLACES.COM ELE, OS USUÁRIOS DA REDE PODERÃO RASTREAR ONDE ESTÃO SEUS AMIGOS E SABER ONDE OCORREM EVENTOS E SERVIÇOS NOS ESTADOS UNIDOS. OUTRO SITE, CHAMADO FOURSQUARE,
TAMBÉM OFERECE A POSSIBILIDADE DE QUE TODAS AS PESSOAS QUE VOCÊ CONHECE SAIBAM , EM TEMPO REAL, EXATAMENTE ONDE VOCÊ ESTÁ. ALÉM DA PRIVACIDADE QUE A PESSOA PERDE, A CHANCE DE ROLAR UMA FALTA DE EDUCAÇÃO É ENORME, JÁ QUE ELA PODE DIZER QUE ESTÁ NUM LUGAR ENQUANTO SE ESTAVA EM OUTRO. AÍ ME VEM UMA QUESTÃO : PARA QUE ALGUÉM SABER ONDE VOCÊ ESTÁ ?
NO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, GENTILEZA SIGNIFICA CORTESIA E AMABILIDAE E EDUCAÇÃO SIGNIFICA O DESENVOLVIMENTO DAS FACULDADES DO SER HUMANO , TAIS COMO INTELIGÊNCIA E CARÁTER.
SINCERAMENTE, NUMA VISÃO BEM PESSIMISTA, ACHO QUE, COMO DIZEM OS BANDIDOS CARIOCAS , EM SE TRATANDO DE GENTILEZAS E EDUCAÇÃO , O MUNDO AO MEU REDOR PERDEU, PERDEU, PERDEU.
CONVERSAS COM LILI – HELENA
HELENA TINHA UNS TRINTA E CINCO ANOS E ERA UMA MORENA BONITA, BEM TRATADA, AQUELE TIPO DE MULHER QUE SE CUIDA E QUE, DE LONGE, ALGUÉM PODERIA IMAGINAR QUE ELA TENHA TIVESSE FILHOS PEQUENOS. HOJE, EM ESPECIAL, ESTAVA MUITO ANSIOSA, QUASE OFEGANTE, PORQUE IA VER O APARTAMENTO DOS SEUS SONHOS.
O IMÓVEL NÃO ERA NENHUMA MARAVILHA, NEM TINHA UMA VISTA ESPETACULAR E MUITO MENOS ERA BEM ACABADO, MAS ELE TINHA UMA CARACTERÍSTICA ÚNICA: ELE ERA LOCALIZADO NO PRÉDIO ONDE VIVIA O AMOR DA SUA VIDA, SUA PAIXÃO AVASSALADORA CUJO NOME ERA FLÁVIO.
ELE, FLÁVIO, FAZIA O ESTILO HOMEN DE MEIA IDADE DE BONS MODOS E FINA ESTAMPA. DIVORCIADO VÁRIAS VÊZES E COM UM CURRICULUM AMOROSO EXTENSO E CONHECIDO, MORAVA NESTE PRÉDIO HÁ UNS DOIS ANOS E LEVAVA UMA VIDA CHEIA DE BONANÇA E ESTILO.
ELA PEDIU PARA SER ANUNCIADA PELO PORTEIRO E, UMA VEZ NO ANDAR DO IMÓVEL, AO SAIR DO ELEVADOR E SE DEPARAR COM O APARTAMENTO, MAL SE CONTEVE E ALI MESMO RELATOU SUA HISTÓRIA DE AMOR À FUNCIONÁRIA QUE A RECEBEU.
SEGUNDA ELA, ELES MANTINHAM UM RELACIONAMENTO HÁ CINCO ANOS E, POR SEREM OS DOIS, DIVORCIADOS E COM FILHOS DOS CASAMENTOS ANTERIORES, FIZERAM A OPÇÃO DE MORAREM EM CASAS SEPARADAS E SEREM NAMORIDOS; UMA OPÇÃO CONTEMPORÃNEA DE SE RELACIONAR.
ELE ALEGOU FALTA DE TALENTO PARA CUIDAR DE CRIANÇAS PEQUENAS. ELA, MAIS DO QUE DEPRESSA, CONCORDOU COM ELE, PORQUE TUDO QUE ELA NÃO QUERIA ERA PERDER AS BOAS HORAS JUNTOS, A CUMPLICIDADE DAS AFINIDADES, OS MOMENTOS DE PRAZER, DE UMA VIDA A DOIS SEM CRIANÇAS POR PERTO.
O APARTAMENTO SERIA UMA SOLUÇÃO MARAVILHOSA, JÁ QUE ASSIM, ELES PODERIAM ESTAR JUNTOS E TAMBÉM SEPARADOS E ELA, COM CERTEZA, MAIS TRANQUILA E MENOS CANSADA DE TER QUE FICAR TRANSITANDO DE LÁ PARA CÁ NESTE TRANSITO CAÓTICO CARIOCA. AGORA, SE CONSEGUISSE FICAR COM ESTE IMÓVEL, ELA JÁ SE IMAGINAVA FAZENDO OS PERCURSOS ATRAVÉS DA GARAGEM, DE UM BLOCO A O OUTRO, QUEM SABE ATÉ DE ROBE. ESSE ERA SEU SONHO E AGORA, FINALMENTE, CHEGOU A SUA VÊZ.
PERCORREU O APARTAMENTO TODO, SE ENCANTOU, FEZ CABER ALI TODAS AS SUAS PRIORIDADES E TRATOU LOGO DE AGENDAR UMA CONVERSA SÉRIA ENTRE SEU AMOR E O PROPRIETÁRIO. A NEGOCIAÇÃO DUROU CERCA DE QUATRO SEMANAS E ELA JÁ ESTAVA EM PÂNICO COM ESTA LENTIDÃO EM FECHAR O NEGÓCIO. FOI QUANDO UM TELEFONEMA FINAL ACONTECEU E TUDO FOI CONCLUÍDO.
DEPOIS DISSO, PARTIRAM PARA UMA VIAGEM DE UM MÊS PELA ÁSIA E ELA PROVIDENCIOU ALGUÉM PARA CUIDAR DOS SEUS TRÊS FILHOS: UMA AMIGA QUE MORAVA NO NORDESTE E QUE, SENDO DE SUA TOTAL CONFIANÇA E PRECISANDO TRABALHAR, SERIA A MELHOR SOLUÇÃO; AFINAL DE CONTAS, A PAIXÃO NÃO PODIA ESPERAR.
Conversa com Lili - Minha Carta ao Papai Noel
Pois bem, vou ser muita sincera com o senhor. Eu sou uma pessoa afortunada, porque além de saúde, paz de espírito, curiosidade, amigos, projetos, planos e uma família bacana, eu ainda tenho condições financeiras de ter muitos bens materiais, necessários e supérfluos. Ou seja, sou muito feliz.
Mesmo assim, venho hoje pedir sua ajuda para atender meu desejo: quero muito uma esposa!
Não me entenda mal, vou explicar: sou muito bem casada, amo meu marido e não tenho dúvidas quanto à minha orientação sexual. É que eu queria alguém para cuidar das minhas coisas, sabe? Alguém para fazer as tarefas por mim, alguém para tomar decisões, por algum tempo que fosse, e isso, as esposas fazem como ninguém. Pedir uma governanta não seria a mesma coisa, o senhor sabe bem disso, não é uma questão de contratação de mão de obra qualificada.
Os cuidados que as esposas têm com os maridos, com os filhos, com os seus funcionários ou ajudantes, são de ótima qualidade. Eu, como esposa e mãe, gosto de cuidar e não fujo das responsabilidades que meus papéis demandam, mas tem hora que dá um cansaço só.
Seria tão bom ter alguém para encontrar documentos perdidos, resolver consertos dos eletrônicos da casa, fazer pagamentos chatos, ir às festas sem graça e charme, corrigir deveres de casa, realizar traslados na hora do rush, fazer compras de natal de obrigação, enfrentar supermercados no mês de Dezembro, pensar nos deveres das mesmices das festas de final de ano, resolver as férias dos filhos,decidir assuntos complicados de obra; ou seja, seria mesmo maravilhoso ter uma esposa para encarar isso tudo e, só você, Papai Noel, pode me ajudar, a não ser que algum anjo desça do céu e faça este milagre.
Detesto Dezembro.
Conversas de Lili
Sei lá, várias conversas.
O Caso da Pulseira
Sentei para escrever e as conversas são tão diversas, que na vontade de já querer formatar um título, optei por este, mais amplo impossível. Quem sabe no final do texto eu não chegue a um tema único que eu gostaria de conversar hoje, veremos.
Tudo começou em Dezembro , quando estando em São Paulo e não fugindo aos programas de shopping, decidi comprar uma pulseira linda, estilo escrava, numa loja de luxo. Fui usar a preciosidade pela primeira vez e para minha decepção, uma pedra se soltou. Eu logo fiquei pensando como uma pulseira daquele preço poderia ser tão frágil a ponto de já, de largada, estragar. Não me preocupei e fui à filial carioca da loja solicitar a troca, pois estava louca para usar minha nova aquisição. A vendedora foi muito gentil em me atender, mas me disse que não havia uma pulseira disponível para fazer a troca. Eu achei estranho porque havia visto a mesma pulseira na vitrine antes de entrar na loja. Ela então me informou que não poderia alterar a vitrine de maneira alguma, e que esta orientação vinha de São Paulo.
Eu enfrentei a objeção dela, dizendo que ela poderia ligar para a sua supervisora e explicar a situação e o contexto da mesma, uma vez que eu nem tinha chegado a usar a pulseira, ou seja, este problema não era meu e sim da loja, ainda mais se tratando de uma loja de luxo, recém chegada na cidade, que supostamente gostaria de agradar e conquistar clientes. A vendedora, sempre muito gentil, se desculpou e ficou de aguardar a análise da empresa para o acontecido com a peça, para então depois me telefonar para enfim neste momento acontecer o desfecho da situação.
Confesso que eu saí da loja alterada e confusa. Será que eu estava num dia de mau humor ou de TPM ou irritada? Como que eu compro um artigo, ele vem com defeito, eu procuro o lugar para trocar, o produto existe na loja para ser trocado, o mesmo produto, diga-se de passagem, e por uma questão de “processos da empresa”, eu saio de mão abanando? Para quem pretende estar no mercado de luxo, onde reza a cartilha do atendimento personalizado, bacana, ou até vip, achei mesmo foi tudo muito chinfrim e esnobe.
Quinze dias se passaram assim como as mil festas de final de ano, onde sempre é gostoso desfrutar um momento perua, quando recebo um recado em casa que era para eu ir à loja buscar a minha pulseira. O recado tinha data, nome da loja e inclusive nome da vendedora que tinha ligado. Eu não pretendia passar por lá nesta semana, mas o fato do telefonema me fez mudar de idéia e me organizei para ir. Tal não foi minha surpresa ao chegar à loja e procurar pela minha troca, quando, sempre gentilmente, a vendedora me disse que a pulseira não estava lá! Eu disse a ela, que certamente havia um engano porque eu havia recebi um recado, com riqueza de detalhes, para vir buscar a peça. Depois de uma nova desculpa, sempre gentil, voltei para a casa sem a pulseira. Eu fiquei literalmente sem reação porque o que eu podia fazer? Dar um grito, um show, fazer um barraco?Iria resolver? Com certeza, como dizem as paulistas, que não! Mas eu queria tanto a minha pulseira!
Na outra semana, depois de fazer aquele jogo mental de “me deixa esquecer isso”, voltei à loja e a vendedora, gentilmente, se vangloriou que ela iria me apresentar duas pulseiras para que eu fizesse a minha escolha. Mas como assim, eu pensei? Eu não queria escolher nada, eu já havia escolhido quando eu comprei lá em Dezembro lá em São Paulo.
O final da estória, você minha leitora, deve imaginar. Tive que escolher entre as duas pulseiras, porque tudo que eu não ia fazer agora era começar uma nova novela para trocar por outro item da loja.
Eu fiquei com vontade de, gentilmente, mandar esta loja fazer um treinamento em vendas e atendimento com a metodologia do Grupo Friedman. Alô Cris Barros !
Conversas de LIli
Fama e Tietagens
Este último final de semana foi único no sentido de vivenciar o assunto fama e a tietagem que vem com ela. Estive hospedada num hotel, por questões de obras em casa e o que via o dia inteiro eram mulheres alucinadas com uma câmera na mão e um celular na outra. Elas estavam na entrada do hotel, nos corredores, ao redor da piscina, dentro dos elevadores. Muitas estavam literalmente hospedadas no hotel, e várias tentavam persuadir os seguranças e funcionários, em busca de informações privilegiadas para uma localização perfeita para se posicionarem e estarem na hora exata, no melhor ângulo, para verem seus ídolos. Estas mulheres eram fãs ardorosas do grupo Back Street Boys, que se apresentaria num show no Rio de Janeiro, neste final de semana.
Para ser sincera, sou um fracasso neste mundo musical, de forma mais ampla. Ou seja, tenho meus cantores preferidos e só. Não saberia reconhecer um destes “boys” se cruzasse com eles no corredor ou elevador. Considerando as vibrações do momento, fiquei curiosa para saber, afinal de contas, quem eram eles e tal a minha surpresa quando descobri que aquele ser pálido e magrelo, escondido dentro de um boné, que jantava com a família, ao meu lado e de minha filha, era um deles. O outro, rodeado por um segurança e visivelmente acuado, perto da espreguiçadeira do salva-vidas da piscina, era também um deles. Eu pensei: que doideira isso, esta coisa da tietagem. É completamente irracional porque vamos refletir: em que vai adiantar uma foto do cantor saindo de um elevador? Ou se ele der um aceno e entrar no carro? Foram horas de plantão para isso?
Levei minha filha de oito anos para assistir ao filme do ídolo adolescente Justin Bieber. O filme é ótimo, porque além das boas músicas e de mostrar tudo do backstage antes e durante o show, o filme retrata a trajetória dele para se tornar um ídolo, de uma forma bem humanizada. Eu adorei o filme. Em se tratando de fama e tietagem, é como se a época dos Beatles tivesse voltado. São meninas pequenas, médias e grandes, gritando e chorando alucinadamente por ele. É tietagem pura.
O Rio de janeiro, lotado de celebridades da televisão por todos os lados, faz com que os habitantes da cidade fiquem menos alterados diante delas, o que não tiram em nada os paparazzi de plantão e muito menos a curiosidade humana de como “estes outros seres humanos são e vivem”. As revistas de fofocas estão aí para confirmar isso mas é irracional, de nossa parte, os não célebres, querer saber onde eles moram, onde vestem, onde comem, para onde viajam, com quem namoram, o que fazem na hora do lazer e por aí segue uma lista imensa.
Pensando bem, a vida não é só razão, certo? Euzinha é que não vou mentir e dizer que nem presto atenção ao charme do Tony Bellotto almoçando no Celeiro ou no Caetano Veloso numa pré estréia no Cine Odeon ou no casal Bernardes fazendo compras no shopping e por aí vai.
Eu também sou irracional, tenho minhas tietagens, será que alguém fica livre desta humanidade ?
Crônicas de Lili
Mudanças e Tralhas
Neste instante, me encontro num shopping, sentada no Café Rubro, com meu laptop plugado na tomada, para escrever esta crônica, enquanto aguardo a hora de buscar minha filha na escola. Faz um tempo que estou nesta fase “homeless, ”já que minha futura casa está em obras e a casa atual onde estou morando fica longe da minha área, onde tudo que se refere à minha vida e da minha filha acontece. Para meu marido, esta situação não faz tanta diferença, pois ele já vive em trânsito e já faz malas semanalmente. Hoje até tentei fazer diferente e voltar para a provisória e resolver os assuntos por lá, mas depois de ter que ficar parada por noventa minutos no transito a caminho dela, desisti e voltei.
Mudar é ótimo. Eu gosto de variar, de sair da rotina, de ter aquela sensação de tudo novo; já fazer uma mudança é uma canseira fenomenal. Primeiro, ter que avaliar tudo para ver o que vai ficar e o que vai entrar no caminhão da mudança, depois selecionar e decidir os destinos do que vai ser doado, do que estava estragado e não foi consertado, do que mofou, do que acumulou sem necessidade, das tralhas sem função, das fotos até hoje não organizadas, dos potinhos de plástico sem tampas, das roupas de cama com manchas amarelas, dos recortes de jornais com dicas imperdíveis,da papelada de contas e recibos do passado e por aí vai.
Eu poderia tecer um rosário para falar da trabalheira que é se mudar, mas isso a maioria das pessoas já sabe como funciona. A razão da crônica é para pensar nas tralhas acumuladas. Será que precisamos ter tantas coisas? Para que ter uma grade de tigelinhas de todos os tamanhos se não sou dona de buffet? Ou uma quantidade considerável de porta guardanapos se não recebo todos os dias?Ou ter tantas roupas que mal cabem no closet?Ou ter cinco ferros de passar roupa no temor de ficar sem nenhum e as roupas acumularem no cesto? Este exercício do excesso, tipo eu posso eu tenho , precisa ser mudado. Na verdade, nem temos tempo para usar tudo, desfrutar de todas as coisas acumuladas; o dia precisava ter mais de vinte e quatro horas.
Na minha fase de procurar uma casa nova, eu fui visitar um apartamento e fiquei encantada. Os armários de todos os ambientes eram enormes e todos com pouquíssimo recheio. Roupas nos armários dos quartos; louças, panelas e copos nos armários da cozinha, brinquedos dos dois filhos no closet, revistas no revisteiro; tudo de qualidade máxima e de mínima quantidade. Senti uma leveza incrível e uma vontade enorme de clonar este estilo.
Será que eu chego lá?
Xô tralhas ! Xô excesso !
Crônicas de Lili
Crônicas de Lili
Mudanças e Tralhas
Neste instante, me encontro num shopping, sentada no Café Rubro, com meu laptop plugado na tomada, para escrever esta crônica, enquanto aguardo a hora de buscar minha filha na escola. Faz um tempo que estou nesta fase “homeless, ”já que minha futura casa está em obras e a casa atual onde estou morando fica longe da minha área, onde tudo que se refere à minha vida e da minha filha acontece. Para meu marido, esta situação não faz tanta diferença, pois ele já vive em trânsito e já faz malas semanalmente. Hoje até tentei fazer diferente e voltar para a provisória e resolver os assuntos por lá, mas depois de ter que ficar parada por noventa minutos no transito a caminho dela, desisti e voltei.
Mudar é ótimo. Eu gosto de variar, de sair da rotina, de ter aquela sensação de tudo novo; já fazer uma mudança é uma canseira fenomenal. Primeiro, ter que avaliar tudo para ver o que vai ficar e o que vai entrar no caminhão da mudança, depois selecionar e decidir os destinos do que vai ser doado, do que estava estragado e não foi consertado, do que mofou, do que acumulou sem necessidade, das tralhas sem função, das fotos até hoje não organizadas, dos potinhos de plástico sem tampas, das roupas de cama com manchas amarelas, dos recortes de jornais com dicas imperdíveis,da papelada de contas e recibos do passado e por aí vai.
Eu poderia tecer um rosário para falar da trabalheira que é se mudar, mas isso a maioria das pessoas já sabe como funciona. A razão da crônica é para pensar nas tralhas acumuladas. Será que precisamos ter tantas coisas? Para que ter uma grade de tigelinhas de todos os tamanhos se não sou dona de buffet? Ou uma quantidade considerável de porta guardanapos se não recebo todos os dias?Ou ter tantas roupas que mal cabem no closet?Ou ter cinco ferros de passar roupa no temor de ficar sem nenhum e as roupas acumularem no cesto? Este exercício do excesso, tipo eu posso eu tenho , precisa ser mudado. Na verdade, nem temos tempo para usar tudo, desfrutar de todas as coisas acumuladas; o dia precisava ter mais de vinte e quatro horas.
Na minha fase de procurar uma casa nova, eu fui visitar um apartamento e fiquei encantada. Os armários de todos os ambientes eram enormes e todos com pouquíssimo recheio. Roupas nos armários dos quartos; louças, panelas e copos nos armários da cozinha, brinquedos dos dois filhos no closet, revistas no revisteiro; tudo de qualidade máxima e de mínima quantidade. Senti uma leveza incrível e uma vontade enorme de clonar este estilo.
Será que eu chego lá?
Xô tralhas ! Xô excesso !
Crônicas de Lili
Página em
branco
Iniciei
um curso na Estação das Letras nesta
semana. Trata-se de uma oficina para a produção de crônicas e hoje, como
exercício, o professor sugeriu este tema
.
Dizem que
todos os escritores se deparam com a página em branco e não sabem como começar o
texto e eu, na condição de principiante, não sou diferente.
Fiquei
pensando em vários assuntos para abordar e preencher a tal página e foram
tantos ao longo do dia que estou achando
melhor me organizar e começar por algum deles.
Hoje fiquei intrigada com uma reportagem na
televisão, onde uma atriz linda e consagrada demonstrava muita insegurança e
nervosismo para se passar por uma pipoqueira numa lanchonete de um shopping.
Para quem
interpreta papéis fortes e já tem
reconhecimento, por que tano medo de se arriscar a fazer mais um papel.
Eu pensei que o novo sempre dá um frio na barriga para todos que se arriscam. Isto
me deu uma folga enorme para ter coragem de fazer esta crônica ,da forma que
sair.
Fiquei
pensando se não seria legal comentar sobre a
empresa Samoa Air, que se tornou a primeira empresa aérea a criar voos
com tarifas “pague quanto você pesa”. Com esta medida, os passageiros com
sobrepeso vão pagar mais caro pelos assentos. Para quem estava em cima de uma
esteira, suando e tentando arrancar os adipócitos extras, a matéria da
televisão caiu como uma luva.
Fiquei na
dúvida se não seria também bacana, comentar sobre a lei que iguala as
domésticas a outros trabalhadores e que foi promulgada ontem no Congresso. Como
eu ando viciada em séries de televisão britânicas , onde um dos principais
assuntos é a relação da nobreza com seus funcionários, fiquei analisando como
serão as mudanças na minha própria casa, de agora em diante regida pelas novas
leis. Será que a Lúcia vai entender? Ah sim, porque as mudanças dos hábitos
precisam vir dos dois lados.
Para registar fatos animados, já que a crônica
pede textos leves e divertidos, quem
sabe eu não teceria comentários sobre a venda dos ingressos para o Rock in Rio
que se inicia amanhã, mas a questão que se apresenta é que eu estou
completamente por fora das bandas que virão e eu preciso ainda fazer uma
investigação junto à minha adolescente de dez anos, afinal o que será que ela
vai querer escutar na cidade do Rock ?
Eu nem cogitei em comentar o acidente de
trânsito horrível que ocorreu com um ônibus, onde várias pessoas foram mortas,
muito menos tecer opinião sobre o caso da manicure doida que matou um menino .
Na minha
estreia, só quero falar de assuntos leves. Não é que consegui não deixar a
página em branco?
Crônicas de Lili
A Observação
O tema proposto para a crônica da semana é
observação e eu fiquei pensando o que
observar para ter assunto e escrever.
Observei que as latas de lixo que vi nas ruas por onde
andei, estavam imundas , velhas e cheias até a borda. A abertura deste modelo
de lixeira é muito pequena, o que faz com que
não caiba grande quantidade de lixo , ficando muita sujeira ao redor. Ao
caminhar na praia , pude observar também vários montes de lixo espalhados na
areia, apesar da presença de lixeiras grandes
em lugares estratégicos, por toda a faixa de areia. O Jornal O Globo de
hoje traz uma reportagem sobre a falta de educação dos cariocas.
Segundo a matéria, o
carioca cuida muito mal do seu lixo, e
apesar de inúmeras campanhas educativas, esta situação não evoluiu. Sendo assim, guardas municipais irão fiscalizar e multar
os sujismundos.
Que venham as multas!
Observei a falta de educação das pessoas ao fazerem suas compras no Hortifrúti. Esta
cadeia de mercado, com muita simpatia, disponibiliza em cada gôndola de frutas,
várias amostras da fruta que o cliente vai comprar. Desta forma, ele pode ter
certeza se está do seu agrado. Não é que várias pessoas, diante desta cortesia
ímpar, se atrevem a depenar as frutas que estão à venda?
Que venha o pito!
Observei também, com mais
atenção do que de costume, as páginas da rede virtual Facebook, uma vez que sou
usuária. Esta rede, inicialmente, teve
como objetivo principal, aproximar as pessoas e seu sucesso foi tamanho, que
hoje o e-mail virou algo jurássico .A rapidez e o alcance da rede são mesmo eficazes mas
este comportamento egotrip de muitos usuários, de lotar sua página com fotos
particulares, poses programadas, desabafos chatos, e um exibicionismo exacerbado, ao estilo Revista Caras, é muito
cafona!
Que venha a etiqueta virtual!
Observei o estardalhaço que deu a declaração da
cantora baiana Daniela Mercury no Instagram, admitindo sua orientação sexual. A
cantora não se preocupou com as repercussões religiosas de seu anúncio e,
segundo ela, “gritou seu amor aos
quatros ventos. ”A união estável gay foi reconhecida no Brasil em 2011 e em
vários estados brasileiros, os cartórios já fazem o casamento. A
homossexualidade existe há tanto tempo e
a aceitação só tem evoluído, e constatar
que 15731 pessoas curtiram a página da rede, é no mínimo curioso,
considerando as modernidades do nosso século. Assistindo a um clássico da
televisão inglesa, Upstairs Downstairs ,
série que retrata a vida e os costumes
de uma família abastada nos anos 30, observei que, já nesta época, o tema da
união gay foi tratado. A personagem, Blanche Motthershead ,uma arqueóloga, vive uma
relação homossexual com uma escritora casada e com filhos. Para minha surpresa,
este assunto já não causaria tanta polêmica, era sim coisa de jornal de ontem.
Que venha a diversidade!
Outras observações, na
próxima crônica.
CONVERSAS DE HOMENS
CRÔNICAS DE LILI
Ela achou que ia dormir até tarde
naquela manhã de sábado. Eis que o marido pula da cama e o pulo foi tão
dramático que a acordou .Tinha tido um pesadelo. Uma vez acordada, depois de
certa idade torna-se impossível dormir de novo, quem dera até continuar o sonho
como antigamente mas isso já era. Levantou e foi recolher o jornal na porta.
Este O Globo é mesmo um espetáculo e
este serviço de entrega realmente funciona na cidade maravilhosa.
A casa estava silenciosa e quando ela
começou a leitura do jornal, surge o marido com cara de zumbi , dizendo com voz
mansa: Amor, vamos tomar café ? Queria tanto tomar café com você hoje! Era
muito cedo. Ela nem desfez a dobra do jornal, a fechou delicadamente e foi para
cozinha fazer o café. Ele disse: Chamei os amigos para virem conhecer a casa e
depois sair para almoçar. Mas como? Não íamos direto para o restaurante,
retrucou ela hesitante. Então, neste caso, temos que fazer um aperitivo, gelar
uma bebida, ver inclusive se tem gelo suficiente. Ele respondeu: Imagina, que
nada, eles só virão dar uma passadinha. Ela confrontou: tá maluco? Desde quando
alguém vem à sua casa, dá um oi e vai embora na secura ? Até numa visita
panorâmica de agência CVC rola um suquinho. Este convite é para um pré almoço!
Ele logo argumentou:Não inventa moda,
não queria te dar trabalho! É só uma visita rápida!
Conversa de homem que é outro chip.
Ela foi para cozinha produzir o pré
almoço.
Ele tomou o café e disse: Estou pensando
em dar uma caminhada, vamos ?
Não dá! É necessário dar uma geral na
casa antes das visitas chegarem, não temos funcionária, esqueceu? Com hóspedes
em casa , tudo fica mais bagunçado!
Ele retrucou: Ah, preocupa não, precisa
fazer nada não, de lá vou lavar o carro que está imundo, ok?
Precisa de alguma coisa ? E saiu porta
afora para suas tarefas importantíssimas e inadiáveis.
Conversa de homem, que é outro chip.
Ela foi arrumar a casa.
Ele chegou , animado e perguntou dos
filhos, onde estão?. Ela disse,: na piscina com os hóspedes.
Ah, tá bom, vou passar lá e fazer
companhia para eles já que a galera vai chegar mais tarde mesmo. Tem certeza que
não quer ajuda? Neste instante ela estava arrumando a bagunça dos quartos, e
sentiu um cheiro de queimado, correu até a cozinha e se deparou com as
torradas completamente queimadas, lá se foram os canapés.! E agora, menos um
petisco! Antes que ela pensasse em algo para ele poder comprar na rua , ela
escutou o batido da porta. Ela perdeu, ele foi para a piscina.
Conversa de homem, que é outro chip.
Ela foi arrumar a mesa.
Chegou em casa molhado e já dizendo que
as visitas iam se antecipar. A mesa já estava arrumada e o pré almoço
organizado. Ela correu para se arrumar e eles chegaram. Papo vai, papo vem,
nada de bebida servida nos copos. Ela então, depois de inúmeras olhadas para
ele, perguntou aos convidados: o que vão beber ? As bebidas são por conta de
seu amigo, façam os pedidos ! Mais papo aqui, mais papo ali e nada. Ele
dissertava sobre algum assunto importantíssimo.
Conversas de homen, que é outro chip.
Ela foi buscar a cerveja.
Todos animados, comendo e bebendo e as
comidinhas acabaram. Pensando bem, era só para ser um pré almoço e petisco não
é refeição. Estava na hora de partir para o restaurante. E então, perguntou
ela, aos convidados, vamos? Todos se levantaram, pegaram seus pertences e
dirigiram- se à porta.
Ela disse : Vocês podem ir na frente que
eu me encontrarei com vocês daqui a pouco. Ele a olhou de soslaio, com aquela
cara de o por quê disso agora?
Entraram no elevador conversando, todos
ao mesmo tempo.
Conversa de homem, que é outro chip.
Ela foi arrumar a bagunça e lavar as
vasilhas.
Ela chegou ao restaurante e o pedido já
estava feito. A conversa desenvolveu, todos muito felizes , animados e
relaxados, menos ela, que sonhava com um momento de leitura e ócio.
A comida estava divina e as panelas
fumegantes atiçavam o apetite do grupo. Almoço encerrado e era hora da
despedida.
Ele disse : "Amor, vou dar uma
carona aos convidados porque taxi nesta hora é muito difícil". Você
poderia levar os hóspedes para casa no seu carro? Diante daquele pedido
"meigo ", ela não teve outra alternativa.
Conversa de homem , que é outro chip.
Ela levou os hóspedes para casa.
Chegaram em casa e o assunto, já dentro
do carro, era o programa da noite. Não sabiam se queriam conhecer um bar da
moda ou se preferiam um chorinho na Lapa. Ela ficou pensando: nada me tira de
casa agora, esgotei meu repertório por completo. Foi tomar banho e já colocou
um pijama decente. Na psicologia, lembrou ela, existe uma teoria de que "o
corpo fala". Pois bem, ela não ia precisar dizer nada, era só uma questão
de sinalizar tudo, ao vestir aquele pijama de florzinha beje com listras lilás
e a pantufa combinando.
Ele chegou, muito cansado e com sono.
Relatou, com detalhes, o trânsito caótico que pegou. Estranhou encontrar os
hóspedes animados, de banho tomado e já vestidos para o terceiro turno e ela de
pijama . Trocaram olhares e antes que ele pudesse perguntar alguma coisa, ela
lhe disse : "Que bom que chegou! Eles estão animadíssimos para sair e
preferem a Lapa. Por isso, já estou aqui com uma lista de bares e botecos, com
os endereços e telefones. Aproveitem! Eles fazem questão que você vá junto!
Agora, Mário Alberto, era uma conversa
de mulher, que é outro chip e isto era apenas o começo.
Crônicas de Lili
Humor é preciso!
Era uma manhã linda de sol e
o bairro acordava para o dia que começava. Tudo estava ainda por acontecer.
Ela decidiu dar uma passada
rápida no salão de beleza e fazer aquele tratamento capilar tão aguardado,
antes de sair para cumprir todas as tarefas previstas para o dia.
Saiu do salão toda animada,
em direção ao ponto de taxi e eis que, numa fração de segundos, sentiu um baque
enorme, um empurrão misturado com puxadas nos cabelos e nas orelhas. Se deu
conta então que aquela agressão era um
assalto. O ladrão, já combinado com um comparsa, saiu correndo levando seu
celular.
Ela começou a gritar o
já conhecido jargão pega ladrão e a partir daí várias
pessoas surgiram para ajudá-la. Ela era mais uma vítima de bandidos
naquela esquina.
A viatura da polícia chegou e
imediatamente ela relatou o acontecido e os muniu de informações consistentes
para que eles saíssem em busca dos ladrões. Até o nome de um deles ela informou
mas isso não alterou em nada a sugestão dos policiais de levarem a vítima
à delegacia para registrar a ocorrência. Não houve urgência em fazer um resgate
sequer. Ela entrou na viatura e foi à
delegacia colaborar com a estatística da Polícia Militar do estado.
Na delegacia, sentada de
frente para o policial, que com muita
dificuldade digitava a
ocorrência, ela se lembrou do artigo publicado num jornal carioca .Era um
relato de um cidadão brasileiro que foi assaltado no metrô em Paris e que ainda
ferido, perguntou ao policial se valia a pena prestar queixa na delegacia, o
que o mesmo respondeu : "Vale nada, a não ser que você queira colaborar
com a estatística". Ou seja, No Brasil ou na França, o descaso policial
parecia o mesmo.
Naquele momento, o cenário
era desanimador. Não tinha água filtrada para beber, telefone fixo não havia
para que ela pudesse chamar um taxi para levá-la para casa e o tal boletim de
ocorrência não tinha fim.
Ela se ofereceu para ajudar o policial a concluir o relatório mas
ele se sentiu humilhado e não só não aceitou a oferta como a informou que , uma vez tudo terminado, ele precisaria sair da delegacia para fazer
outras rondas, que ela ficasse onde bem
entendesse.!
A vítima, argumentou com o policial que , pelo
entendimento dela, a Polícia Militar era uma instituição destinada a proteger o
cidadão e não a abandoná-lo. Como ele a
deixaria ali, na rua, desamparada, sem comunicação e com riscos de ser
assaltada novamente? Isso era insano.
Sozinha, com medo e sem ter
para onde ir, ela bateu à porta de uma Associação de Bairro e de repente uma cena : um homem, de meia idade, vestido de jaleco
branco, segurando com destreza uma pinça longa que fisgava uma abelha viva e ao
fundo da sala, outro homem , trajando cuecas brancas, de costas, sentado numa
cadeira.
Ela não entendeu nada , e
pediu desculpas pela intromissão naquela situação particular e inusitada. Explicou seus motivos e pediu
ajuda.
Foi muito bem recebida, tomou água, teve um telefone
emprestado e
ainda teve aulas sobre a cura do reumatismo através das picadas
de abelhas.
Resignada, enquanto aguardava
seu resgate, pensava :
Humor é preciso!
Crônicas de Lili
Amizades e Relacionamentos
Cada Um Na Sua Prateleira
Eu não
sei se fiquei velha ou se fiquei intolerante, o caso é que ando com preguiça de gente e um quê descrente
com a natureza humana. Tenho achado o humano muito narciso, voltado para seu próprio umbigo e
tomado de uma incoerência só.
Sempre achei esquisito pessoas que amam
animais como se fossem humanos mas hoje eu entendo. Eu não sou uma amante de
bichos mas nem pensar em ter problemas com isso, a não ser detestar os cheiros
e os pelos; só não quero um para chamar
de meu e ter que cuidar.
Eu tenho
amigos muito bacanas que adoro e que me fazem feliz ! Estes amigos são meu xodó
e cuido muito bem deles, gasto meu tempo
com isso e me sinto muito recompensada por esta convivência. Eu poderia falar
que sou sortuda por ter estas amizades mas isso não é uma questão de sorte. É
questão de empatia e reciprocidade.
Amigos
bacanas lembram de você mesmo quando você não os vê; se colocam no seu lugar,
torcem e se interessam por tudo que te diz respeito. São generosos com os
amigos que têm menos ou que não têm as
mesmas oportunidades ou sorte. Querem compartilhar a humanidade com você. Eles
pertencem à uma prateleira.
O nó se
dá quando a gente confunde um relacionamento e uma convivência com uma amizade.
Aí vem o descompasso, a mágoa, o ressentimento, a indignação e um vazio. Incrível
como a gente demora para perceber que aquele
relacionamento não era nada além de uma convivência frequente. Ele pertence à
uma outra prateleira.
Muito
estranho é sentir-se distante de quem já foi tão próximo e íntimo. Não importa
se já foi parceiro, marido, mulher, sócio , amigo , cunhada , funcionário ou
amante.
Sem
idealismo: cada um na sua prateleira.